Após renovar críticas à Petrobras por ter anunciado o reajuste dos combustíveis antes da aprovação, pelo Congresso, das mudanças no ICMS sobre diesel e gás de cozinha, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que a estatal “com toda a certeza” vai reduzir o preço dos produtos diante da queda na cotação de petróleo no mercado internacional.
“Estamos tendo notícias de que, nos últimos dias, o preço do petróleo lá fora tem caído bastante. A gente espera que a Petrobras acompanhe a queda de preço lá fora. Com toda certeza fará isso daí”, afirmou o chefe do Executivo em evento no Palácio do Planalto. “Espero que a nossa querida Petrobras, que teve muita sensibilidade ao não nos dar um dia [de prazo], retorne aos níveis da semana passada os preços dos combustíveis no Brasil”, acrescentou, em tom de ironia sobre a postura da empresa.
Em entrevista à TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, Bolsonaro afirmou que o preço cobrado hoje pelos combustíveis nas bombas é “impagável”. “O barril do petróleo chegou a US$ 135 na semana passada, agora já caiu e está em US$ 100. A gente está esperando, inclusive, ter um retorno da Petrobras para rever esses preços que foram absurdamente majorados na semana passada”, disse. Ele voltou a atacar a estatal dizendo que Petrobras não “colabora em nada” para baixar os preços.
Bolsonaro ainda declarou na entrevista que o governo vai evitar que novos reajustes sejam repassados para os consumidores. “Qualquer nova alta a gente vai, da nossa parte aqui, desencadear um processo para que esse reajuste não cheque na ponta da linha para o consumidor. É impagável o preço dos combustíveis no Brasil”, disse o presidente. “E lamentavelmente a Petrobras não colabora com nada”, acrescentou, em nova crítica à estatal.
Isenção
Ao acenar no sábado passado, 12, com a redução também de tributos sobre a gasolina, ao custo de quase R$ 27 bilhões aos cofres públicos, Bolsonaro deixou claro que vai passar por cima da orientação da equipe econômica de não bancar uma desoneração indiscriminada. Segundo o presidente, um projeto de lei complementar poderá ser encaminhado para impedir que todo o reajuste concedido pela Petrobras chegue às bombas dos postos.
O presidente também já avisou aos auxiliares que pretende aumentar o vale-gás. Atualmente, o governo banca 50% do preço médio do botijão (13 quilos) para cada família de baixa renda que recebe o Auxílio Brasil. Bolsonaro quer que o programa pague o preço de todo o gás. O impacto da desoneração da gasolina poderá alcançar R$ 23,84 bilhões de PIS e Cofins e mais R$ 3,01 bilhões da Cide, contribuição que incide sobre os combustíveis. Já o vale-gás tem custo de R$ 1,9 bilhão. Os cálculos são do Ministério da Economia, que vê a redução maior de impostos, abarcando também a gasolina, com grande risco e pouca eficiência.