O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) postou em uma rede social imagens de uma das residências que foram alvo de buscas por agente da PF (Polícia Federal) na operação que investiga um suposto esquema dentro da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para monitorar ilegalmente autoridades brasileiras. “Aos poucos reorganizando tudo”, comentou na publicação. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro também fez uma postagem comentando o depoimento que deve prestar à corporação sobre o caso (veja imagens abaixo).
O vereador foi um dos quatro alvos da ação desta segunda (29). O R7 apurou que Carlos estava em Angra dos Reis (RJ) acompanhado do pai e dos irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A família teria deixado o local de barco ao perceber a chegada dos agentes.
No vídeo, é possível ver gavetas de armários abertas, caixas e mochilas. Equipamentos eletrônicos, como computadores e celulares, também foram apreendidos pela PF.
A corporação apura indícios da existência de um suposto esquema de espionagem ilegal montado dentro da Abin. Segundo a PF, três núcleos funcionavam na agência, enquanto um grupo externo, chamado de “núcleo político”, recebia as informações obtidas sem autorização da justiça. O deputado federal e ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ) também é investigado.
Depoimento
Em outra postagem, o filho do ex-presidente Bolsonaro comenta o depoimento que deve prestar a PF no inquérito. “Indo depor por causa disso aqui. Qualquer outra linha de desinformação diferente disso é mais uma fake news”, comentou.
A postagem conta com uma foto anexada, que traz outra publicação do próprio vereador feita no ano passado. “O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos”, diz a mensagem de agosto do ano passado.
A operação
A operação Última Milha, da Polícia Federal, investiga o suposto uso ilegal da estrutura da Abin para espionagem ilegal de adversários políticos da família Bolsonaro. Na mira dos agentes estão o ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem, o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, policiais federais e outras pessoas.
O uso irregular de para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados começou a ser investigado em 2023. Segundo a apuração, o programa First Mile permitia o monitoramento de milhares de pessoas — teriam ocorrido 60 mil acessos em dois anos e meio.
Segundo a PF, para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
Entre os monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais e os ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (PSDB-RJ).