O clima deve permanecer ameno em todo o Rio Grande do Norte, com pancadas de chuvas ao longo desta semana em quase todo o Estado. A previsão, da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn), faz com que os gabinetes de gerenciamento de crise da Defesa Civil, no Estado e no município de Natal, permaneçam em alerta para prevenir danos, como enchentes, alagamentos, deslizamentos ou desabamentos. O meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot, afirma que apesar do cenário, não há riscos de grandes eventos críticos, como os que vem acontecendo em outros estados do Nordeste.
“O sistema monitorou o que aconteceu no último fim de semana, que poderia ter atingido Natal também, mas ficamos mais tranquilos, quando vimos na sexta-feira, uma predominância de vento sul aqui no Estado. Realmente, a situação ia ficar mais grave nos estados de Alagoas e Pernambuco”, explica. Bristot diz ainda que as chuvas deverão continuar acontecendo durante a semana, principalmente entre a madrugada e o início da manhã, o que segundo o especialista, é uma característica do intervalo entre o fim de maio e o início de junho.
“Teremos pouca chuva, não teremos nenhum evento crítico de chuvas intensas. Nosso modelo não emitiu nenhum alerta de ontem para hoje. Normalmente em maio, nós temos o sistema de saída da zona de convergência, que se desloca para o norte e temos a entrada dos sistemas de leste, que predominam nos meses de maio, junho e julho. Nesse ano, o La Niña e as condições do oceano atlântico seguraram mais tempo a zona de convergência. O veranico, que acontece normalmente a partir de 15 de maio, pode acontecer agora. Não é que não vá chover, é que vai diminuir as chuvas”, detalha o meteorologista.
Em Natal, foi montada uma força-tarefa, com equipes de diversas secretarias, na semana passada, para discutir medidas de proteção e acompanhar de perto as principais áreas de risco da cidade, como recomenda a Defesa Civil Estadual. A preocupação é maior nas áreas de encostas, como Mãe Luiza, Jacó e Passo da Pátria. Além disso, regiões como o bairro de Nossa Senhora da Apresentação e o loteamento Jardim Progresso, na zona Norte da capital, que são frequentemente afetadas com alagamentos, também estão no radar do gabinete de gerenciamento de crise de Natal.
Ainda segundo o gabinete municipal, no último fim de semana foram registradas a abertura de uma cratera na calçada da lagoa de captação de São Conrado, em Nossa Senhora de Nazaré, e a interdição de um poste de energia, que ameaçava cair na Avenida Rio Branco. Na reunião do grupo, a Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Semtas) definiu o Centro de Convivência para Pessoa Idosa Ivone Alves, no bairro de Lagoa Azul, na zona norte, como possível abrigo para famílias que, por ventura, precisem ser removidas de suas residências.
A Companhia de Serviços Urbanos (Urbana) informou que vai intensificar os trabalhos de limpeza das galerias pluviais (bocas de lobo), para que os equipamentos possam dar vazão ao volume de água. Nesse sentido, a Urbana reforça que é “fundamental que a população contribua, descartando seus resíduos de maneira correta e acondicionando o lixo doméstico da maneira correta quando deixar nas calçadas das residências para esperar o carro coletor”.
Os técnicos da prefeitura prometem percorrer todas as regiões da cidade para mapear e identificar os principais danos causados pelas chuvas. De posse desse levantamento, a secretaria afirma que vai planejar um cronograma de serviços, classificando as demandas na escala de mais urgentes até as menos urgentes para realizar os reparos de maneira sistemática e organizada. Além disso, a prefeitura permanece com o trabalho de limpeza das 70 lagoas de captação espalhadas pelas quatro regiões administrativas de Natal.
O coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, tenente-coronel Carvalho Fernandes, reforça que mesmo sem a ocorrência de eventos críticos no fim de semana passado, a mobilização diante da previsão da continuação das chuvas, é crucial para evitar tragédias. “Apesar dos alertas, nós tivemos um fim de semana tranquilo. Contudo, nossas equipes permanecem sob aviso. Os alertas são muito importantes para a prevenção e para a preparação. Na prevenção, nós temos a construção de planos e, na preparação, a capacitação da população”, detalha.
O chefe da Defesa Civil no RN afirma ainda que fez contato com todos os munícios sob alerta para que os responsáveis ativassem os planos de contingência, como ocorreu na capital. “No período anterior às chuvas, nós fizemos uma preparação muito bem elaborada, chamando as coordenadorias dos municípios, dando condições de capacitação para os planos de contingência e mapeando as principais áreas de risco”, comenta.
“São áreas dinâmicas, num dia ela está de um jeito e no outro pode estar de outro. As nossas preocupações são as áreas de falésias em Parnamirim, Nísia Floresta, Tibau do Sul e Baía Formosa. Ainda há regiões onda há uma maior interação do meio com a população em Natal e Barra de Cunhaú, então o sistema continua atento, enquanto os alertas estiverem vigentes. Por enquanto não tivemos grandes volumes registrados, somente na sexta para o sábado, mas sem problemas registrados”, completa Carvalho.
Bombeiros do RN ajudam vítimas das chuvas em PE
Nove bombeiros militares do Rio Grande do Norte foram enviados em missão de resgate ao estado de Pernambuco, que registra pelo menos 84 mortes e 56 desaparecimentos em decorrência das fortes chuvas que caem na Região Metropolitana de Recife desde a terça-feira (24). A equipe potiguar, especializada em ações de salvamento, é formada por oito homens e a cadela Fênix. A ajuda foi autorizada pelo Governo do Estado no domingo (29), data em que os profissionais se deslocaram com destino a Recife.
“Estamos lá auxiliando os irmãos pernambucanos porque a capacidade de resposta ao sinistro foi muito menor do que a logística que eles tinham, então houve essa necessidade do apoio. A governadora prontamente autorizou que a gente enviasse os bombeiros militares do grupo especializado em busca, resgate em estruturas colapsadas com uso de binômio, que é o bombeiro militar com o cão. O cão tem essa capacidade de achar pessoas soterradas bem mais facilmente do que o ser humano. Temos mergulhadores, salva-vidas, pilotos de botes de salvamento inflável. Todos estão atuando muito lá”, diz Monteiro Júnior, comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMRN).
Monteiro ressalta que o Corpo de Bombeiros Militar potiguar também permanece atento e mobilizado para eventuais ocorrências no Estado. “Estamos sim atentos. Fazendo uma analogia com Recife, a geografia aqui do nosso Estado, em especial na capital, acaba não trazendo tanto risco, por exemplo, de desabamentos, soterramentos, em virtude de não ter tanta ocupação irregular. Aqui já não tem essa preocupação tão acentuada, já aconteceu inclusive em 2014 em Mãe Luiza, mas é algo que, por mais preparadas que as instituições estejam, quando acontecem esses grandes sinistros, eles sempre vão ser maiores do que a capacidade de resposta”, complementa.
Umidade
A combinação entre umidade acima de 80% com ventos fracos presentes na atmosfera favoreceram a formação de uma névoa úmida que mudou o cenário de diversos municípios da faixa litorânea do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, na manhã da segunda-feira (30), segundo informou a Emparn. “Umidade alta, acima de 80%, ventos fracos. A saturação dessa umidade, devido a diminuição da temperatura na madrugada/amanhecer dá origem a névoa úmida, tipo de nuvem baixa que não faz chuva”, explicou o chefe da unidade de Meteorologia, Gilmar Bristot.
O Sistema também registrou, durante o final de semana, a ocorrência de chuvas em todas as regiões do estado.