Líder em produção de energia eólica e em constante avanço na distribuição de energia solar, o Rio Grande do Norte tem registrado crescimento em postos de trabalho no segmento de energias renováveis, ano após ano. Em 2022, segundo dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec-RN), o RN pode gerar pelo menos 4.287 mil empregos no setor de energia eólica (parques) e solar (energia centralizada) nos projetos contratados para 2022. Só na energia fotovoltaica distribuída, em residências, condomínios, já são 4,5 mil empregos gerados em cerca de 450 empresas no RN, segundo a Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER-RN). O “boom” de investimentos, aliado a uma nova oportunidade no mercado de trabalho e boa remuneração, que pode chegar ao triplo do que paga o restante da indústria, atrai vários potiguares a se qualificarem e ingressarem nesses serviços.
Segundo dados de pesquisas internacionais e informações do setor, a indústria de energia renovável no Brasil possui uma média salarial de R$ 6 mil, isso incluindo todos os profissionais envolvidos, de cargos operacionais a postos de gestão. Em outras indústrias, por exemplo, essa média é de R$ 2 mil. O leque de oportunidades atrai potiguares de diversas qualificações a migrarem ou ingressarem no segmento. Em se tratando especificamente do setor de energia eólica, há momentos diferentes de funcionamento, desde a construção e montagem à operação e manutenção, o que diferencia a mão de obra.
“O perfil do profissional é totalmente diferente nesses dois momentos. Durante a montagem, são profissionais com perfil da construção civil, engenharia mecânica, montagem, soldadores, operação de grandes máquinas. Na manutenção, se vê profissionais voltados às tecnologias, como eletrotécnica, instrumentação e controle, engenheiros eletricistas. Quando aprofundamos mais, divide-se isso em profissionais de nível médio, técnicos, pessoas realmente com a mão na massa”, explica o diretor do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do Senai-RN, Rodrigo Mello.
Entre as características para trabalhar com energias renováveis, as exigências básicas são qualificações em nível técnico ou superior, com capacidade de trabalhar em altura (para as eólicas), disponibilidade para viagens e, de preferência, treinamentos e especializações, sendo um deles o GWO, qualificação para se trabalhar em parques eólicos. No caso das placas fotovoltaicas, gerentes e especialistas em produções de projetos e instaladores de placas são as principais premissas.
“Nossa projeção é de que o setor atualmente já gera entre 4.500 a 5 mil empregos, só de energia solar distribuída. E no RN, hoje existem cerca de 450 a 500 empresas, gerando essas vagas. Isso representa um contingente muito grande de pessoas que precisam ser capacitadas tecnicamente, tanto pelo IFRN, quanto pelo Senai, Sebrae. O que mudou é isso: esse desafio dessas instituições se estruturarem para ofertarem capacitação para qualificar essas pessoas”, avalia José Maria Vilar, vice-presidente da Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER-RN).
Segundo avaliação de Rodrigo Mello, desde o primeiro leilão dos parques eólicos no Estado, em 2009, o perfil dos profissionais que atuam no setor mudou. Antes, os trabalhadores eram todos de fora do País. Hoje, a mão de obra é brasileira e cada vez mais local, com a chegada de diversos cursos no Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia (IFRN) e as capacitações oferecidas pelo Senai. “Para todos os perfis, se requer muita qualificação. Não se entra no setor se não tiver boa formação técnica ou tecnológica por trás. Precisa estar necessariamente qualificado”, acrescenta Rodrigo Mello.
Nas matrículas de cursos de energia eólica e solar no Senai-RN, 33,86% são homens, 44,3% possuem superior completo (33,2%) ou pós-graduação (11,1%) e 62,2% estão empregados. Entre os estados de origem, há matrículas de pessoas de 22 unidades federativas, a maioria sendo do RN, Bahia e Ceará, líderes em geração de energia eólica. “É um setor que exige muita qualificação e conhecimento. Não só no início da carreira. Permanentemente precisa-se estar reciclado e com aperfeiçoamento nas tecnologias que embarcam o parque”, diz Mello.
A engenheira elétrica Juliete Oliveira, 30 anos, é uma das potiguares que buscou uma qualificação a mais mesmo já tendo curso superior. “É um segmento que eu já atuava, queria uma especialização, com o mercado muito aquecido, projeções de crescimento grandes. É um mercado que exige uma mão de obra qualificada e optei por fazer mais essa especialização técnica em energia eólica, com duração de um ano e meio. Vi como uma oportunidade de estar mais apta”, diz.