EUA reagem e dizem que eleições brasileiras são ‘modelo para o mundo’

Em reação ao presidente Jair Bolsonaro, o governo dos Estados Unidos disse ontem que as eleições brasileiras servem como modelo para o mundo. Como o Estadão antecipou, o governo Joe Biden preparava uma resposta à ofensiva diplomática de Bolsonaro, que reuniu cerca de 70 embaixadores na véspera para minar a confiança no sistema de votação adotado no País, sem que nenhuma fraude tenha sido comprovada na história, ao contrário do que o presidente afirma.

“As eleições brasileiras conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”, diz a nota divulgada pelos Estados Unidos.

Mais cedo, entidades de classe da Polícia Federal também vieram a público em resposta às teorias divulgadas por Bolsonaro, sem base nos fatos. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais afirmaram, por meio de nota, que as “urnas eletrônicas e o sistema eletrônico de votação já foram objeto de diversas perícias e apurações por parte da PF e que nenhum indício de ilicitude foi comprovado nas análises técnicas”.

A reação de Biden foi discutida pela diplomacia norte-americana ao longo do dia, em contatos entre Washington e Brasília. O encarregado de negócios da embaixada, Douglas Koneff, participou do encontro dos chefes de missão diplomática com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Ele não havia se manifestado ainda sobre a apresentação, que também não foi referida na nota do Departamento de Estado.

O tom do comunicado reitera manifestações de autoridades da Casa Branca e do Departamento de Estado anteriores, além do próprio presidente Joe Biden, em “total confiança” nas eleições brasileiras. O governo Biden sustenta que o presidente Jair Bolsonaro prometeu, em diálogo entre os dois ocorrido em junho, respeitar o resultado das urnas em outubro e pressiona que ele cumpra a palavra.

Em junho, quando viajou a Los Angeles para a Cúpula das Américas e se reuniu em privado com Biden, Bolsonaro pediu ajuda ao norte-americano para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, segundo a agência Bloomberg. O presidente sugeriu que Lula seria um entrave a interesses americanos. O governo brasileiro negou o pedido. A Casa Branca afirmou apenas que Bolsonaro prometeu respeitar o resultado, durante a conversa com Biden.

Orientados por seus governos, embaixadores em Brasília mantiveram discrição sobre o encontro e suas impressões a respeito do discurso de Bolsonaro. Agora, como já houve tempo de os diplomatas relatarem o ocorrido, por telegramas ou telefonemas, às respectivas capitais, a postura começou a mudar. 

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