Exportações de produção do RN no 1º trimestre crescem 191%

As exportações da economia do Rio Grande do Norte no primeiro trimestre de 2022 cresceram 191,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Em valores, saiu de US$ 73,4 milhões em 2021 para US$ 214 milhões em vendas este ano. É o maior crescimento registrado desde 2011.

O óleo diesel foi o principal produto da pauta de exportação do período, seguido de produtos mais tradicionais do cenário potiguar como melão, melancia e peixes. Sozinha, a venda do combustível para o exterior representou 47,5% das exportações do RN.

Os dados são do Balanço do Comércio Exterior do RN – janeiro a março 2022, divulgado pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado (CIN/Fiern). Eles indicam a manutenção de uma tendência registrada em janeiro e fevereiro, quando o diesel já representava 40% das exportações.

De acordo com o boletim, o combustível soma US$ 101,7 milhões em exportação no primeiro trimestre de 2022. As vendas, neste caso, estão atreladas às negociações da Petrobras. Segundo o CIN/Fiern, sem o diesel, o crescimento das exportações foi de 52,8% no trimestre.

Para além do combustível, as vendas de melões e melancias são os destaques. Os dois produtos movimentaram, respectivamente, US$ 31,7 milhões e US$ 12,5 milhões este ano. Ainda conforme os dados, Singapura foi o principal destino de exportações em função do óleo diesel. Estados Unidos, destino principalmente de peixes, sal e lagostas, foi o segundo.

Já os Países Baixos, Reino Unido e Espanha vêm na sequência, como tradicionais mercados das frutas do estado. O secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico do RN, Sílvio Torquato, explica que as exportações do diesel foram pontuais, decorrente de operações da Petrobras. Entretanto, segundo ele, o destaque para o envio de frutas ao exterior, já era esperado. 

“No caso do óleo diesel, foi a primeira vez que exportamos para Singapura. Já as operações envolvendo o setor de frutas estavam dentro do previsto, com o aumento da área implantada na região de Mossoró, Baraúna e Apodi”, afirma Torquato.

Além disso, a abertura do mercado após o recrudescimento da pandemia, contou como fator importante para o crescimento. “Antes da pandemia, nós estávamos preparados para um crescimento gradual e, com a crise sanitária, tivemos um pouco de retração nas exportações. Mas, agora o mercado está retornando ao normal e nós estamos voltando a aquecer”, pontua o secretário.

Recuperação

O responsável técnico do Centro Internacional de Negócios da Fiern concorda e destaca que alguns produtos se recuperaram ainda no ano passado, mas outros só reagiram em 2022. “Alguns itens só começaram a performar bem nos três primeiros meses deste ano”, esclarece Luiz Henrique Guedes.

“Mas o fato é que, dos nossos principais produtos, todos tiveram variação positiva bem considerável. A melancia, que é nosso terceiro produto, cresceu 102%. O peixe, que já estava bem no ano passado, cresceu 83% nesse trimestre, assim como o açúcar, que cresceu 77%”, acrescenta ele.

Quem produz para exportação, comemora o bom momento. “Aumentamos nossas exportações em cerca de 5% neste primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, lideradas pelo melão e pela melancia. Nosso momento é muito positivo, porque a economia fica aquecida, com geração de mais empregos”, avalia Luiz Roberto Barcelos, da Agrícola Famosa, em Mossoró.

Tendência é que resultado positivo se mantenha

Os bons números não devem passar por grandes alterações nos próximos meses, por causa da entressafra na fruticultura. No entanto, as expectativas são de manutenção dos dados, com a perspectiva é de fechar o ano em saldo positivo.

“A safra de melão e melancia está praticamente encerrada. Então, nesses dois produtos importantes, os valores não se alterarão muito em relação ao que temos no trimestre, mas nossa pauta é diversificada e nossas perspectivas são muito positivas, com aquecimento dos produtos que não se recuperaram em 2021”, analisa Guedes.

O secretário Sílvio Torquato disse que espera o crescimento do setor de frutas no período da safra, mas afirma que é preciso esperar o que irá acontecer em relação à produção de petróleo. “Em julho, as novas empresas produtoras [de petróleo] estarão assumindo novos poços e a refinaria Clara Camarão, então, é preciso aguardar como ficará a produção”, aponta.

O gerente de Negócios, Inovação e Tecnologia do Sebrae-RN, David Góis, avalia que os números seguirão positivos, mesmo com com a entressafra, que começa agora e segue até agosto. “Teremos a manutenção desses números e acredito que vamos fechar o ano de maneira positiva”, analisa.

O otimismo de Góis está baseado no bom desempenho que o estado vem apresentado no início deste ano. “Em dezembro nós temos os chamados ‘embarque de Natal’, quando normalmente os varejistas compram mais frutas aqui do Nordeste e aquecem o mercado. Às vezes, o trimestre seguinte ao final do ano reduz as exportações, mas a gente observa que produtos como melão, melancia e mamão continuaram crescendo. E isso é muito importante para a nossa pauta”, explica.

Para Luiz Guedes, o bom momento deverá ser sustentado nos próximos meses pelo cenário dos mercados externo e interno. “O momento é de recuperação em relação à pandemia, mas, algumas vezes vai além, eu diria. Estivemos com um dólar ainda bom e com um mercado interno onde o poder de compra está um pouco reduzido”, detalha.

“Desse modo, há uma tendência de que as empresas exportadoras direcionem uma parte maior de seus produtos para o mercado externo, considerando o momento favorável para vender lá fora. Isso mesmo com essa leve queda do dólar agora em abril”, completa.

Importações

Nas importações, o Balanço do Centro Internacional de Negócios destaca que o primeiro trimestre de 2022 teve crescimento de 36,83% em relação ao mesmo período do ano passado, com o valor de US$ 125,7 milhões importados. As importações de janeiro a março mantêm a predominância de equipamentos de geração de energia eólica e solar da China, seguida pelo trigo da Argentina. 

O documento aponta Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Itália e Países Baixos entre as principais origens de produtos. Além das altas nos percentuais de importação e exportação, o levantamento do trimestre destaca a virada na balança comercial. Enquanto no primeiro trimestre de 2021 o saldo de exportações-importações foi negativo (US$ -18,4 milhões), o saldo no período em 2022 foi de US$ 88,2 milhões.

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