Parlamentares do Rio Grande do Norte de oposição ao governo Lula, os deputados federais General Girão e Sargento Gonçalves assinaram o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar suposta fraude no leilão para aquisição de arroz pelo governo federal por intermédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “É preciso investigar a fundo esse leilão com resultado, no mínimo, suspeito”, disse Girão.
Para o General Girão “é incrível como esse pessoal do PT gosta de estar sempre na crista da onda dos desvios. Esta é mais uma compra feita sob grande suspeita. Vocês lembram da compra dos respiradores?”
Girão fez alusão à aquisição frustada de 300 respiradores pelo Consórcio de Governadores do Nordeste, que causou R$ 48 milhões de prejuízo aos cofres públicos durante a pandemia de coronavírus em abril de 2020 e que tem processo tramitando nas Cortes Superiores, em Brasília. “Neste caso, entre as vencedoras do leilão, há empresas de outra natureza, sem aparente afinidade com a venda de arroz, como locadora de veículos e comércio de queijo”, destacou.
“Depois do Mensalão e Petrolão, pode vir aí o “Arrozão do PT”, afirma Girão, diante dos “indícios de fraude na condução do leilão, possibilidade de direcionamento e até uso de empresas de fachada na disputa. Isso precisa ser minuciosamente investigado”.
Na avaliação do deputado Girão, a anulação da licitação e a saída do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, “não é suficiente para nos calar, queremos apuração máxima dessas ilegalidades, bem como dos possíveis crimes cometidos”.
Já o deputado Sargento Gonçalves avisa que “quando se trata de PT e Lula, a gente só pode esperar falcatrua”, em face das circunstâncias que levaram a anulação do leilão pela Conab. “É loja pequena que consegue vencer sozinha um leilão de mais de R$ 700 milhões para distribuir 147 mil toneladas de arroz, envolvimento de empresário que confessou propina, filho de secretário da pasta de Política Agrícola que é sócio da empresa que intermediou a venda”.
Segundo o Sargento Gonçalves, “se não fosse a internet, nada disso viria a tona. E mesmo assim, eles continuam tentando seus arroubos na cara de pau”.
O situacionista deputado Fernando Mineiro (PT) declarou que “a anulação foi correta tendo em vista que, depois do resultado do leilão, se constatou que algumas empresas não tinham condições de cumprir o contrato”.
Quanto à criação de uma CPI na Câmara dos Deputados para investigar o caso, Mineiro disse que “é um instrumento para fatos que necessitam de investigação. Não é o caso, tendo em vista as medidas tomadas pela Conab”.
CNA aciona o STF contra a compra
Já a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) na segunda-feira (3) contra a importação do arroz. A entidade pediu a suspensão do leilão e cobrou explicações do governo sobre a medida. Alegou que a decisão afeta a “cadeia produtiva” e pode desestruturá-la ao criar instabilidade de preços e prejudicar os produtores locais que têm o grão já armazenado para venda.
“Não há motivo para alerta com arroz”, dizem produtores do Rio Grande do Sul. A Federação Nacional dos Produtores de Arroz publicou uma nota para dizer que os brasileiros não devem se preocupar com falta de arroz após as enchentes do Rio Grande do Sul.
“Não temos problemas com relação ao abastecimento do mercado interno”, diz presidente de entidade. Alexandre Velho, presidente da Federarroz (Federação Nacional dos Produtores de Arroz), afirmou que as enchentes trazem dificuldades na colheita, mas que não faltará arroz nas prateleiras, pois 84% das lavouras foram colhidas no RS.
Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz, dos 900 mil hectares semeados, 84,2% foram colhidos; 2,55% foram perdidos inteiramente e 1,97% foram parcialmente perdidos. Restam 11,26% da plantação total a ser colhida.
Produção estimada é semelhante a 2023. O IRGA vê que, caso as lavouras restantes sejam colhidas, a produção total chegará a 7,149 milhões de toneladas de arroz. O valor é um pouco menor da produção do ano anterior, de 7,239 milhões de toneladas.
RS é maior produtor de arroz do Brasil. O estado é responsável por 70% da produção nacional de um dos insumos mais consumidos no país. Mercados estão limitando compras de arroz. Usuários das redes sociais compartilharam avisos em mercados que limitam a quantidade que pode ser comprada por cliente ou que as pessoas “não precisam estocar” o produto.