O ex-presidente Jair Bolsonaro nega ter recebido qualquer documento referente a uma “minuta de golpe” do ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, preso nesta quinta-feira, 8, após operação da Polícia Federal.
Bolsonaro afirmou que nem sequer despachava com o ex-auxiliar. “Nunca chegou a mim nenhum documento de minuta de golpe, nem nunca assinei nada relacionado a isso. Até porque ninguém dá ‘golpe’ com papel”, declarou em entrevista a Veja.
“Ninguém entende essa ‘tentativa de golpe’. Não se movimentou um soldado em Brasília para dar golpe em ninguém aí”, disse o ex-mandatário a CNN. “O que querem em cima do Valdemar? Busca e apreensão em cima do partido. O que querem fazer com o partido? Nosso partido é propagador de fake news? Age à margem da democracia. A gente fica pensando num monte de coisa aqui”, completou.
Segundo delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, à Polícia Federal, Martins teria sido o responsável por entregar ao ex-presidente um documento que detalhava instruções para um possível golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2022. A minuta de três páginas continha instruções do passo a passo para a retomada de poder pelo agora ex-presidente. O plano incluía o anulamento do pleito, o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que supostamente teriam interferido no resultado e a declaração de intervenção militar no país até que novas eleições fossem realizadas.
Além de Martins, foi preso no âmbito da força-tarefa o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência e atual segurança do ex-presidente contratado pelo PL.
Líder do PL : ‘ação quer exterminar’ a oposição’
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), classificou com uma perseguição à oposição a operação realizada na quinta-feira, 8, pela PF que tem entre os alvos de busca e apreensão aliados muito próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O regime instalado no país, a partir de um inquérito sem precedentes num Estado de Direito, avança ainda mais sobre lideranças da oposição, avança sobre um partido político e sobre inclusive membros das forças armadas e a própria. Acua, persegue, silencia e aplaca a oposição no Brasil querendo exterminar politicamente os seus opositores com a mão de ferro do judiciário e a Polícia do Estado”, afirmou Portinho.
O líder da oposição na Câmara e alvo de operações da PF nas últimas semanas, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), afirmou que há um “estado de exceção”, com o objetivo de “dizimar a oposição conservadora”.
“A Polícia Federal está agindo sem amparo legal algum, sem indícios mínimos de materialidade que subsidiem diligências como as que estão sendo realizadas”, afirmou Jordy.
Nas últimas semanas, a PF realizou operações que tiveram como alvos os deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ).