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MST ocupa Incra no RN, pede aceleração de assentamentos e denuncia impunidade em massacre que completa 27 anos

Cerca de 300 pessoas que fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Rio Grande do Norte (MST/RN) fizeram uma marcha na manhã desta segunda (17) da calçada do shopping Midway Mall até a sede do Incra, no bairro de Lagoa Nova, em Natal, para pedir a aceleração dos processos de assentamento.

Em todo o país, há cerca de 65 mil famílias aguardando que o governo federal faça assentamentos e garanta acesso à terra. No Rio Grande do Norte, são cerca de três mil famílias nessa situação. Para a manifestação, vieram grupos de Ceará-Mirim, Mossoró, Carnaubais, São Miguel do Gostoso, Rio do Fogo, Touros e João Câmara.

“Vamos permanecer até que nossa pauta seja atendida. São três mil famílias vivendo em acampamentos e barracas de lona, elas estão resistindo durante todo esse tempo para ter acesso à terra, ao trabalho. Os acampamentos mais antigos do Rio Grande do Norte têm 18 anos de existência”, aponta Erica Rodrigues, integrante da direção Nacional do MST.

Assim como acontece aqui, as unidades do Incra de outros estados do país também foram ocupadas simbolicamente como parte das ações da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que este ano tem como lema “Contra a Fome e a Escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente, reafirmando a centralidade da luta pela terra no Brasil”.

“Nós também denunciamos a exploração do agronegócio, que não produz alimento. Cerca de 70% do que é produzido de alimentos no Brasil vem da agricultura familiar e não do agronegócio, que contamina a terra e a água com o uso de agrotóxicos“, critica Erica Rodrigues.

Desde o impeachment de Dilma Rousseff os processos de assentamento das famílias estavam paralisados no Rio Grande do Norte, segundo a nova direção do Incra, que assumiu o cargo nesta segunda (17), depois de assinar o termo de posse na última sexta (14).

Agora, os processos serão retomados, mas ainda não há uma data para que sejam concluídos e as famílias recebam a posse da terra.

“Eles chegaram por volta das 10h e estão acomodados porque aqui é a casa do trabalhador, estou aguardando a pauta. Evidentemente que essa é uma pauta nacional. Não temos projeção, de fato, de quando isso vai ficar pronto, temos processos anteriores ao governo Temer que vamos colocar pra frente, aproveitar ao máximo. Em 15 dias devemos ter alguma resposta. Tem uma equipe que já está cuidando disso”, revela Lucenilson Ângelo de Oliveira, Superintendente do Incra no RN.

Impunidade

Além da fome no campo e exigência de reforma agrária, o MST também denuncia a impunidade no caso da chacina que ficou conhecida como o Massacre de Eldorado dos Carajás, que hoje completa 27 anos.

O crime ocorreu durante uma ação da Polícia Militar para desbloquear a rodovia PA-150, no Pará, que resultou na morte de 21 trabalhadores do MST durante ação de repressão. Outras 69 também ficaram feridas.

O massacre, que ficou conhecido como um dos mais bárbaros já praticados contra trabalhadores do campo, ocorreu em 17 de abril de 1996, e é também símbolo da impunidade. Dos 155 policiais que participaram da ação, apenas dois oficiais que comandaram a operação foram condenados. A perícia realizada no local mostrou que, pelo menos, 10 trabalhadores receberam tiros à queima-roupa.

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