Mulheres lideram 35% dos negócios

O empreendedorismo feminino no Brasil ganhou força no último trimestre do ano passado. Após recuar para um total de 8,6 milhões de donas do próprio negócio, no segundo trimestre de 2020, o número de mulheres à frente de um negócio no país fechou o quarto trimestre de 2021 em 10,1 milhões (mesmo resultado alcançado no último trimestre de 2019). No Rio Grande do Norte, 35% dos negócios são comandados por mulheres. Isso é o que revela um estudo do Sebrae elaborado a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (PNADC).

O levantamento mostra que a participação feminina entre os donos de negócios empregadores também continua abaixo do período pré-crise. No final de 2019, havia 1,3 milhão de donas de empresas que contratavam empregados (o que representava 13,6% do total das Donas de Negócio). Já no final do ano passado, esse número havia recuado para 1,1 milhão (11,4% do universo).

O estudo traça um perfil das empreendedoras potiguares e mostra que o gênero feminino ainda acumula jornada de trabalho associada a afazeres domésticos. Segundo a pesquisa, 89% das donas de empresas do Rio Grande do Norte atuam por conta própria e 46% delas são chefes de domicílio.

Um dado alentador apresentado no levantamento do Sebrae é que o número de mulheres com pelo menos o nível médio continua maior que o dos homens, e essa diferença cresceu entre o último trimestre de 2019 e o mesmo período de 2021. No estado, 21% das empreendedoras têm nível superior em termos de escolaridade. Porém, 61% delas só ganham até um salário mínimo. Em relação à cor, 56% das empresárias potiguares são negras e o mesmo percentual trabalha menos de 40 horas por semana. 54% dessas mulheres possuem negócios no setor de serviços.

Esse é o caso da enfermeira Patrícia Fernandes Meireles, que juntamente com duas irmãs Priscila e Poliana, decidiu abrir um empreendimento nesse setor: a Aprimore SisEdu, uma empresa de capacitação e aprimoramento para profissionais da área da saúde (enfermeiros, odontólogos e psicólogos) no contexto das urgências e emergências. “A ideia surgiu da vontade que tínhamos de ter uma empresa em que as três atuassem em suas áreas. Assim, montamos a Aprimore em 2018”, conta Patrícia.

Uma realidade muito comum entre mulheres que estão à frente de empresas, as três irmãs empreendedoras precisam cuidar do negócio e ter outras atribuições. 

“São muitos pequenos desafios cotidianos diários. O maior deles é conciliar tudo! Sem dúvidas! Conseguir encontrar aquele ponto de equilíbrio entre as demandas da empresa, os plantões, a necessidade de estudar e se qualificar. Quando você é dona do negócio, o negócio só vai andar se você andar com ele. Só tem você pra fazer acontecer, tanto na sala de aula, como no backstage, nas redes sociais e tudo mais. Enquanto pessoa, é preciso estabelecer um ponto de equilíbrio”, relata a empresária sobre os desafios da três.

Mulheres contrataram R$ 8,5 bi em microcrédito 

Em 2021, segundo dados do Banco do Nordeste, as mulheres foram responsáveis por contratar quase três milhões de operações, que totalizaram R$ 8,5 bilhões em empréstimos. O valor corresponde a 66% do total aplicado pelo programa no ano passado. Em 8 de março de 2021, a instituição lançou uma linha exclusiva para as mulheres com condições ainda mais favoráveis ao empreendedorismo. 

Segundo dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora (Irme), que realiza pesquisas anuais, o empreendedorismo permite a independência financeira das mulheres. De acordo com a pesquisa de 2021, cerca de 70% das mulheres entrevistadas avaliaram que são total ou parcialmente independentes financeiramente graças a seus negócios. A pesquisa Mulheres Empreendedoras foi realizada entre maio e junho de 2021 e entrevistou 2.736 pessoas. Entre as mulheres, 26% afirmaram ter iniciado seu negócio atual durante a pandemia.

Para a superintendente de Microfinança e Agricultura Familiar do BNB, Lúcia Barbosa, o ingresso da mulher no empreendedorismo se reflete diretamente na família na comunidade. “Os pequenos comércios na área de influência próxima a elas movem a economia local, geram emprego e renda, mudam a vida de suas famílias e de pessoas a seu redor, além de serem inspiração para iniciar negócios”, afirma.

Mulheres ampliam poder empregatício no RN

O estudo do Sebrae, a partir dos dados do IBGE, também abordou o poder de geração das empresárias potiguares. Pelo levantamento, 11% das donas de negócios no Rio Grande do Norte possuem funcionários. Um exemplo disso vem das irmãs Marliete de Sousa e Marliene Moura de Sousa, que, há 14 anos, decidiram aproveitar a experiência de Marliene como florista e resolveram montar um pequeno negócio. Foi assim que surgiu a Floricultura Flor & Art em Natal, que atualmente funciona numa galeria de lojas de um hipermercado da capital. Ao longo dos anos, as empreendedoras buscaram inovar e diversificaram a oferta de produtos, incluindo presentes para todas as datas comemorativas.

Em 2010 as sócias abriram uma filial em Natal, chegando a empregar oito funcionárias, mas tiveram que fechar após três anos de funcionamento.

Decidiram então, investir numa única loja e atualmente empregam quatro funcionárias. Marliete de Sousa, que antes de se tornar sócia da irmã foi atendente de farmácia, se sentiu desafiada desde o início, sobretudo pela nova área na qual estava ingressando.

“O nosso maior desafio atualmente é honrar com os compromissos tributários”, afirma Marliene. Contudo, ela considera que o empreendedorismo é uma característica muito marcante das mulheres da sua família. “É muito gratificante ser empreendedora, realizar sonhos e encantar a vida das pessoas todos os dias”, regozija-se a florista, que dedica todo o seu talento e amor à arte floral. 

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