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Perda de água no Rio Grande do Norte é de 51%

O Rio Grande do Norte perde metade da água potável coletada e tratada, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), sendo o segundo pior registro do Nordeste, atrás apenas do Maranhão. As perdas são de 51,43% no Estado, e em Natal, 57,92%. 

Segundo a Companhia de Águas e Esgotos do RN, que abastece de informações o sistema nacional, as perdas medidas pelo SNIS incluem tanto os vazamentos e submedições quanto a água que é desviada indevidamente, o famoso “gato”. De acordo com o presidente da Caern, Roberto Linhares, a maior parte da água perdida no Estado é relativa a quem faz uso sem pagar por ela.

“Isso não é desperdício. Esses 51,4%   do SNIS se dá, em 70%, por perda aparente, que é a perda comercial: o cidadão usa a água, mas não paga por ela. Na área da Redinha e em Mãe Luiza, por exemplo, temos uma perda de mais de 70%. A água que a gente coloca, você recebe lá na ponta 20% no máximo. Desperdício mesmo é em torno de 15% no RN. Agora a perda total é que dá esses 50%, que se soma com a perda aparente”, explica o presidente da Caern, Roberto Linhares.

Ao passo em que a perda de água na capital é alta, há bairros da cidade onde a água comumente costuma faltar, o que prejudica a vida e cotidiano da população que mora nesses espaços. É o caso de Rose Mary Lima, 45, que mora em Felipe Camarão há 17 anos. Dona de um restaurante, ela conta que chegou a fechar seu estabelecimento em virtude da falta de água no bairro.

“É constante a falta de água aqui em Felipe Camarão. Já teve dia de faltar mais de uma semana, não abri o restaurante uma vez porque estávamos sem água. Tive que comprar até água mineral, não tinha um pingo de água”, reclama.

Quem também lamenta sobre a falta de água no seu bairro é o potiguar Ailton Soares de Souza, 40. Segundo ele, em alguns casos moradores de Felipe Camarão conseguem água na garagem de uma empresa de ônibus localizada no bairro.

“Falta água direto, frequentemente e por muitos dias. Não é só um ou dois dias. Pessoas que não têm grandes reservatórios, têm muita dificuldade, dependendo do volume de pessoas, uma caixa de 1000 litros se consome rápido. Aqui já chegou a faltar 16 dias. O pessoal fica sem água e dependendo da localidade não tem o que fazer e usa água mineral para cozinhar, fazer as coisas. Usa água mineral às vezes até pra o próprio banho”, cita.            

Segundo os dados do SNIS, o RN tem um alto índice de perdas por ligação, ou seja em cada unidade habitacional, tanto casas quanto condomíminios. Esse quesito avalia o volume de água perdida em termos unitários, ou seja, por ligação. No RN, a perda é de 419,17 litros/lig/dia, média acima do Nordeste (439,11 l/lig/dia) e do Brasil (343,37 l/lig/dia).

Macromedição

Ainda segundo os dados do SNIS, o RN tem baixos índices de macromedição, 62,51%, que define o volume de água disponibilizado para uma área de controle e medição. Segundo o SNIS, este índice mensura o consumo das localidades. Quanto mais baixo ele for, os gestores terão dificuldade em saber em quais áreas a perda de água é maior.

Para diminuir essas perdas, a Caern pretende implantar, até o fim do ano, subconcessões de performance nas três maiores cidades do Rio Grande do Norte: Natal, Parnamirim, e Mossoró. Essas subconcessões, segundo Linhares, vão permitir que as empresas, num prazo de até cinco anos, corrijam falhas e linhas irregulares de água e tubulações, evitando as perdas. Na capital, serão 100 mil ligações.

“Uma empresa privada assume determinadas áreas que são de risco e áreas complicadas de se atuar e depois do ajuste, ele recebe um percentual do valor arrecadado e devolve depois de cinco anos para  a Caern. Lançamos um chamamento público, a empresa vai organizar o índice de macromedição, micromedição, os hidrômetros, regularização de redes e a parte de cobrança. É o setor privado atuando no espaço para dar mais efetividade nessa redução da perda comercial”, aponta.

Sobre os bairros da zona Oeste, em específico, o presidente Roberto Linhares diz que a frequência da falta de água na região se dá pelo fechamento de alguns poços de razão do alto teor de nitrato. A expectativa é abrir cinco poços em Natal, três deles na zona Oeste até o fim de setembro. A expectativa é finalizar uma adutora nas imediações do KM  6, em obras pela Prefeitura do Natal.

“Vamos abrir esses poços para reduzir essa necessidade e diminuir a falta d’água. Natal teve que fechar vários poços em razão do nitrato, numa ação do MPRN e esses poços fechados fizeram com que tivéssemos essa dificuldade de abastecimento. E a zona Oeste tem uma alta perda aparente, o furto de água também é significativo. Na hora que alguém está tirando água e não está pagando, está deixando de chegar água mais à frente”, explica. 

Estado atualiza Plano de Recursos Hídricos

O Rio Grande do Norte divulgou, nesta segunda-feira (21), a atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos, documento que estava desde 1998 sem uma revisão. O plano propõe investimentos de R$ 2,474.608 bilhões em ações não estruturais e estruturais até o ano de 2040.  

“O plano estabelece obras, estudos e projetos para que se faça num horizonte, mas que sejam implantado. O gestor precisa estar acompanhando e dialogando com diversos setores, como adutoras, barragens, recuperação de barragens”, explica o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Carlos Nobre.

O plano é um instrumento de planejamento estratégico de longo prazo para aproveitamento racional das águas disponíveis no Estado. Um dos pontos diferenciais do documento é a inclusão da utilização de águas subterrâneas.

“Demos ênfase a isso porque são uma reserva estratégica do Estado, porque as águas superficiais nós já temos controle e monitoramos sua oferta e demanda. As águas subterrâneas, além de exigir um monitoramento permanente, podemos fazer com que as regiões do Estado utilizem essa água”, explica.

Parada no abastecimento

Dez bairros de Natal terão parada no abastecimento na próxima quarta-feira (23), segundo informou a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). Segundo o órgão, a parada acontecerá em razão de um serviço de substituição de bomba na Adutora 1 da Estação de Tratamento de Águas (ETA) do Jiqui.

Com a manutenção programada, dez bairros da capital terão parada no abastecimento, durante o período da manutenção, das 7h30 às 19h30. Os bairros inteiramente afetados são: Capim Macio, Candelária, Cidade da Esperança, Felipe Camarão e Cidade Nova. Outros bairros serão parcialmente atingidos, são eles: Nazaré, Bom Pastor, Lagoa Nova, Morro Branco e Nova Descoberta.

Com a conclusão do serviço, à noite, o sistema volta a operar, mas será necessário aguardar um prazo de até 72h para que o abastecimento esteja plenamente normalizado em todas as áreas afetadas.

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