RN tem segundo maior índice de vacinação infantil no País

O Rio Grande do Norte tem o segundo maior índice de vacinação infantil do País, segundo nota técnica do Observatório Covid-19 da Fiocruz sobre a baixa cobertura vacinal entre crianças de 5 a 11 anos do Brasil, divulgada na tarde desta quinta-feira (17).

A pesquisa levou em consideração a média nacional em todas as Unidades Federativas do Brasil. Constatou-se que o RN é o segundo com melhor cobertura de primeira dose maior e está acima da média nacional (21%). O Estado potiguar tem 32,6%, atrás apenas do Distrito Federal, com 34,6%. Os dados da Fiocruz são da última segunda-feira (14). Hoje, o RN tem cobertura de 39%.

O pior desempenho está no Amapá, com apenas 5,3% de vacinados. Onze capitais estão abaixo da marca do país: Macapá (1,6%), Boa Vista (20,6%), Rio Branco (6,9%), Porto Velho (16%), Teresina (8,4%), João Pessoa (15,8%), Recife (1,9%), Belo Horizonte (18,4%), Campo Grande (1,6%) e Cuiabá (15,7%). Natal está acima da média nacional, com 29,1%.

A Nota Técnica mostra que a cobertura vacinal de primeira dose é diretamente proporcional e maior nos estados onde a expectativa de vida ao nascer e o IDH são também maiores. Ao contrário disso, a cobertura vacinal de primeira dose é menor onde há maior desigualdade de renda, pobreza e internações por condições sensíveis à atenção primária.

O documento apresenta um panorama da vacinação contra Covid-19 entre as crianças, aponta a grande heterogeneidade no nível subnacional e reforça a necessidade de articulação de todas as esferas de gestão para a expansão da cobertura vacinal no país. Em um cenário em que apenas este grupo não está imunizado, ele se torna particularmente vulnerável à infecção e à disseminação do vírus, inclusive entre outros grupos etários.

A campanha de vacinação contra o coronavírus no Rio Grande do Norte imunizou 2,48 milhões de potiguares com duas doses ou com a dose única, até a quinta-feira (17), o que corresponde a 78% da população vacinável (acima de 5 anos de idade). Entre o grupo de 5 a 11 anos, das 335 mil crianças, 132 mil receberam a primeira dose da vacina anticovid (39%). Nenhuma D2 foi aplicada neste grupo específico devido ao intervalo entre as aplicações.

Entre os adolescentes, que formam um grupo de 318 mil pessoas, 62% já foi vacinado com as duas doses e 85% já recebeu pelo menos uma dose do imunizante. Nos maiores de 18 anos, a taxa de adesão à vacinação é 86% com as duas doses e 92% com pelo menos uma dose. As informações foram consultadas na plataforma de monitoramento RN Mais Vacina, gerida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) e Laboratório de Tecnologia e Inovação em Saúde da Universidade Federal do RN (LAIS/UFRN).

Problemas cardiovasculares são raros em vacinados

O risco de desenvolver problemas vasculares, como coágulos sanguíneos, trombose e AVC, é consideravelmente maior ao ser infectado pela covid-19 do que ao receber doses da vacina contra o coronavírus. É o que afirma o membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV/RN), André Chacon, baseado em um estudo elaborado por cientistas da França e publicado no The British Medical Journal (BMJ). De acordo com Chacon, a incidência de trombose venosa induzida pela vacina é extremamente rara: cerca de 0,89 caso a cada grupo de 100 mil habitantes.

Por outro lado, as chances de desenvolver a mesma doença aumentam 14,7% em decorrência da infecção por covid-19. “O que a gente tem visto é que tem evidências de trombose, mais comum em mulheres jovens, entre 20 e 50 anos, sem comorbidades, que acontecem entre 4 e 28 dias, após a vacina, mas a incidência é muito baixa. Alguém pode falar ‘ah, não vou tomar vacina porque vai dar trombose’, então essa pessoa deveria estar muito mais preocupada com a covid porque o risco da covid causar trombose é muito maior do que a vacina. As vacinas salvam e são seguras”, detalha Chacon.

O representante dos angiologistas e cirurgiões vasculares afirma ainda que nas formas graves da covid, os riscos de trombose podem chegar a 30%, enquanto que nos casos leves, a incidência varia de 3% a 5%. “Esse estudo, que se chama meta-análise, que é um conjunto de vários estudos, com mais de 64 mil pacientes, mostra que a taxa média de risco de trombose venosa foi de 14,7% e de 4% para trombose arterial. As vacinas diminuem o risco de trombose porque hoje é muito fácil você se infectar com a covid e as chances de desenvolver problemas vasculares é muito maior pela covid grave do que pelas vacinas”, complementa.

A trombose arterial ocorre na circulação arterial, que transporta o sangue oxigenado dos pulmões para os tecidos. Já a venosa compromete as veias que transportam o sangue – que já deixou o oxigênio nos tecidos – de volta para os pulmões para um novo ciclo de oxigenação. As doenças vasculares são as que afetam a integridade dos vasos sanguíneos e provocam obstruções na circulação do sangue pelo corpo, sobretudo nos membros superiores e inferiores, pés e cabeça.

A mais comum delas é a insuficiência venosa crônica, popularmente conhecida como varizes. As varizes são responsáveis por dilatar veias, principalmente das pernas, provocando dor e desconforto, além de aumentar o risco do surgimento de outras patologias como a trombose, que pode ser fatal. As doenças vasculares podem se manifestar ainda através de trombose venosa profunda, pé diabético, doença carótida, aneurisma da aorta abdominal e doença arterial obstrutiva periférica, por exemplo.

“O principal é o surgimento de varizes, uma doença venosa crônica que muita gente acha que é só estético, mas é uma doença que tem que ser tratada e avaliada por um angiologista ou cirurgião vascular, e acomete quase 50% das mulheres. Tem uma alta taxa de prevalência e tem que ser tratada para não causar outras doenças”, comenta André Chacon.

O médico explica ainda que os fatores de risco da doença vascular se complementam com os da covid, o que aumenta o risco do paciente ter algum comprometimento vascular em caso de infecção pelo coronavírus. Os principais fatores de risco das doenças vasculares são: colesterol alto, tabagismo, sedentarismo, obesidade, pressão arterial alta, diabetes, doença cardíaca e histórico de doenças vasculares ou derrame na família.

“Aquela paciente que, por exemplo, fuma, é sedentária, obesa, ou que usa anticoncepcional são fatores que se associados à covid, que é outro fator de risco, são fatores que se acumulam para aumentar as chances da paciente ter trombose. Portanto isso evidencia a importância da vacina, as vacinas são seguras e eficazes contra os casos graves e a gente vê que diminuiu muito o número de casos graves em pacientes vacinados, com o esquema vacinal completo”, explica Chacon.

Um artigo publicado na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz chama a atenção para a relação entre o aumento da formação de coágulos (também chamados de trombos), que podem obstruir a circulação, e o Sars-CoV-2 (vírus da covid). Seus autores, um grupo de dez pesquisadores, propõem que sua classificação seja mudada e que a covid-19 seja a primeira infecção considerada uma febre viral trombótica. Atualmente, o agravo é classificado como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Um outro estudo, desta vez feito por pesquisadores da Universidade de Oxford, concluiu que o risco de ocorrer trombose venosa cerebral em pessoas com covid-19 é consideravelmente maior do que nas que receberam vacinas. A pesquisa “Trombose venosa cerebral: um estudo de coorte retrospectivo de 513.284 casos de Covid-19 confirmados e uma comparação com 489.871 pessoas recebendo vacina de mRNA” reuniu cientistas do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford; Oxford Health NHS Foundation Trust; Departamento Nutfield de Ciências Clínicas da Universidade de Oxford; Oxford University Hospitals NHS Foundation Trust; e TriNetX, de Cambridge.

“Embora a magnitude do risco não possa ser quantificada com certeza, o risco após a Covid-19 é aproximadamente de 8 a 10 vezes o relatado para as vacinas, e cerca de 100 vezes maior em comparação com a taxa da população. O aumento do índice de CVT [trombose venosa cerebral no acrônimo em inglês] com a Covid-19 é notável, sendo muito mais marcante do que os riscos aumentados para outras formas de acidente vascular cerebral e hemorragia cerebral”, diz trecho do estudo.

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